O templo de Zareth, agora completamente desintegrado, era um campo de guerra invisível, onde as leis do tempo e espaço pareciam ser meras sugestões. A luta entre Ethan e Zareth se desenrolava em um palco onde os limites da realidade estavam sendo constantemente testados. A presença da Entidade da Reversão se manifestava em cada esquina daquele espaço dilacerado, como um monstro que se alimentava da própria essência do tempo.
Ethan estava respirando pesadamente, seu corpo exausto, mas sua mente mais focada do que nunca. Ele sentia a distorção que cercava o templo, a força da Entidade se fechando ao seu redor como uma armadilha. Mas algo dentro dele, algo profundo e primal, lhe dizia que ainda havia uma chance.
Zareth, agora reconstituído em sua forma original, se levantou com uma expressão sombria, os olhos brilhando com um poder insano. Ele parecia mais confiante do que nunca, como se a energia da Entidade da Reversão estivesse ao seu comando absoluto.
— Você ainda acha que pode escapar, Ethan? — Zareth disse com um sorriso enigmático, sua voz ressoando com o poder que emanava de sua essência distorcida. — O que você não entende é que, enquanto a Entidade da Reversão estiver aqui, nada mais importa. Você pode quebrar minha forma, mas não pode destruir o que é essencial. O tempo não pode ser mudado. Ele é um fio invisível que controla tudo e todos.
Ethan sentiu o peso das palavras de Zareth. Mas ele também sentiu algo mais profundo em seu coração — uma força silenciosa, mas imensa, que não podia ser medida pelo tempo ou pela lógica. Ele sabia que essa luta não era apenas contra Zareth, mas contra o próprio conceito de destino que Zareth representava. Se ele cedesse à ideia de que o tempo era uma linha contínua e inflexível, ele estaria admitindo que tudo o que fizera até agora foi em vão.
— O tempo não é o problema, Zareth. O que você não entende é que as escolhas de cada um são o que realmente moldam o futuro. — Ethan disse com firmeza, sua voz ecoando pelas ruínas do templo.
Zareth bufou, seu sorriso se tornando mais cruel.
— Escolhas? Você acha que pode lutar contra o destino com palavras vazias? A Entidade da Reversão não permite escolhas. Ela apaga tudo que não serve ao seu propósito. Você não pode lutar contra o que já está escrito.
Ethan balançou a cabeça, seus olhos fixos no inimigo à sua frente. Ele não tinha mais dúvidas. Ele sabia o que tinha que fazer.
Com um movimento brusco, Ethan avançou, seu espírito marcial brilhando com uma intensidade que iluminava a escuridão ao seu redor. Ele não estava mais apenas lutando para vencer; ele estava lutando para quebrar a própria estrutura da realidade que Zareth estava tentando impor. A batalha agora era sobre mais do que derrotar o inimigo; era sobre restaurar o equilíbrio, devolver o poder das escolhas ao mundo.
Zareth levantou as mãos, invocando uma onda de energia temporal que distorceu tudo ao seu redor. O chão tremeu, o céu pareceu se rasgar, e o tempo ao redor deles se curvou em formas impossíveis. Mas Ethan não parou. Ele continuou avançando, seu corpo se movendo com uma precisão impossível, sua energia explodindo em ondas de poder que começaram a desintegrar a distorção ao seu redor.
— Não adianta, Ethan! — Zareth gritou, sua voz distorcida pela energia que ele estava manipulando. — A Entidade da Reversão vai devorar tudo! Você não pode fugir dela!
Mas Ethan não estava tentando fugir. Ele estava enfrentando a Entidade, atacando-a diretamente. Sua força não estava apenas em seu espírito marcial, mas em sua recusa absoluta em ceder à ideia de que o destino fosse imutável.
Em um movimento decisivo, Ethan estendeu as mãos, canalizando toda a sua energia. O poder do tempo, do espaço e da escolha se convergiu em um único ponto, como uma explosão de luz que iluminou o templo desmoronando. Zareth tentou reagir, mas a onda de energia de Ethan o envolveu, e o impacto foi devastador. A distorção que ele tinha causado foi fragmentada, e a realidade ao seu redor começou a se restabelecer.
A forma de Zareth foi arrastada para o centro da explosão, sua energia sendo drenada à medida que o poder de Ethan se expandia. O templo ao redor deles começou a desmoronar, as paredes desintegrando-se à medida que a verdadeira essência do tempo começava a se reconstruir. Zareth, agora sendo consumido pela onda de energia, tentou resistir, mas sua forma começou a se desfazer, dissolvendo-se lentamente diante do poder de Ethan.
— Não... — Zareth sussurrou, sua voz enfraquecendo. — Isso não pode ser...
Ethan olhou para ele, sem emoção em seu rosto. Ele sabia que Zareth não merecia mais misericórdia. O que ele representava não era apenas um inimigo a ser derrotado, mas uma ameaça ao próprio conceito de liberdade e escolha.
— O destino não é uma prisão, Zareth. — Ethan disse, sua voz grave e cheia de convicção. — O verdadeiro poder vem da liberdade de escolher nosso próprio caminho.
Com um último impulso de energia, Ethan desintegrou a forma de Zareth, e a distorção no tempo e espaço finalmente se desfez. O templo que antes estava cheio de energia caótica agora estava silencioso, as paredes se desfazendo em poeira enquanto o próprio espaço-tempo começava a se estabilizar.
A Entidade da Reversão, sem seu mestre, também começou a desaparecer, sua presença se dissipando lentamente, como se nunca tivesse existido.
Ethan caiu de joelhos, exausto, sua energia drenada pela intensidade da batalha. Ele olhou para o céu acima dele, que agora começava a clarear, as nuvens vermelhas desaparecendo lentamente, dando lugar a um céu azul claro e sereno.
Ele havia vencido, mas a luta não estava completamente resolvida. A distorção do tempo havia sido quebrada, mas as repercussões da batalha ainda poderiam afetar o mundo de maneiras que ele não poderia prever. Porém, uma coisa estava clara para ele agora: o poder das escolhas, das ações humanas, era a verdadeira força que poderia moldar o futuro.
E, enquanto se levantava com dificuldades, Ethan sabia que a jornada ainda estava longe de terminar.