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Chapter 5 - Chapter 5: The Reluctant Key

O ar estava pesado, carregado de uma energia densa que parecia pressionar o peito de Alara. As palavras ditas pela mulher misteriosa ainda ecoavam em sua mente, reverberando de forma ensurdecedora. Ela tentou absorver a informação, tentou entender o que estava acontecendo, mas a pressão era demais. Sua mente parecia prestes a explodir. Ela tropeçou, sua visão ficou turva e, antes que pudesse sequer tentar se apoiar em algo, caiu no chão, inconsciente.

A escuridão a cercava, fria e densa. O mundo ao seu redor parecia uma massa informe de imagens borradas, sem forma, sem som. Por um breve momento, ela se perdeu em um vazio profundo, sem saber onde estava ou o que estava acontecendo. Mas, lentamente, uma luz tênue começou a aparecer. A luz cresceu, perfurando as camadas de escuridão, até que ela sentiu uma brisa suave tocar seu rosto.

Alara abriu os olhos, sentindo-se exausta e com o corpo dolorido. Sua mente estava em turbulência, ainda tentando processar o que havia acontecido. Ela estava no chão do pequeno quarto, iluminada por uma lâmpada fraca que balançava suavemente. Não sabia quanto tempo havia se passado, mas parecia que estivera inconsciente por horas, talvez até mais.

O som de passos suaves a fez virar a cabeça. Kalel estava lá, parado ao lado dela, com um olhar preocupado. Sua expressão era séria, mas havia um toque de preocupação, algo que ela raramente via nele.

"Você está bem?" Sua voz era suave, mas carregava uma tensão que Alara não conseguia ignorar. Ele se ajoelhou ao lado dela. "Eu sabia que você estava sobrecarregada, mas não imaginei que chegaria a esse ponto."

Ela tentou se levantar, com a cabeça girando, mas a mão de Kalel a segurou. "Calma. Você ainda não está em condições de se levantar."

Alara olhou para ele com uma expressão frustrada. "Eu... eu não posso simplesmente aceitar tudo isso. Não posso ser a chave para o que está por vir, Kalel. Eu sou apenas... uma garota normal. Isso é loucura."

Kalel suspirou, seu olhar agora mais suave, mas ainda firme. "Você não é normal, Alara. Não mais. A mulher... ela estava certa, você não pode negar isso."

A menção da mulher misteriosa lhe provocou uma onda de angústia. Ela se forçou a ficar de pé, com os joelhos tremendo. "Não sei o que ela quis dizer com isso. Não entendo nada disso, Kalel. Estou perdida."

Kalel se aproximou, colocando a mão em seu ombro, sentindo o peso da dúvida. "Eu sei. E você tem todo o direito de duvidar. Mas enquanto duvida, está perdendo tempo. O mundo não pode esperar."

Alara olhou para ele com os olhos marejados de lágrimas. A dor em seu peito não era apenas nos músculos, mas na alma. "Não sei se estou pronta para isso. Se sou capaz disso. Não sou como você, Kalel. Não sei nada sobre este mundo. Eu não sou... não sou a heroína que todos esperam."

O silêncio caiu sobre a sala, pesado como uma mortalha. Kalel a observava atentamente, sem pressa, sem pressioná-la mais do que já havia feito. Alara sentiu o vazio tomar conta dela novamente e, por um instante, pensou que talvez fosse melhor voltar à sua vida anterior, aquela que parecia mais simples, mais segura. Mas não havia como voltar atrás.

"Eu sei que é difícil", disse Kalel finalmente, com a voz mais suave. "Mas você tem algo que ninguém mais tem. Algo dentro de você. Algo que vai te tornar mais forte. E você vai precisar disso."

Ela mordeu o lábio, tentando controlar a raiva e a confusão que a consumiam. "E o que você quer que eu faça? Simplesmente aceite? Como posso fazer isso?"

Kalel olhou para ela, com os olhos intensos e cheios de uma compreensão mais profunda do que ela conseguia compreender. "Você não vai fazer isso sozinha, Alara. Eu estarei aqui, como sempre estive. Não será fácil. Mas precisamos seguir em frente."

A mulher, que havia desaparecido nas sombras, estava distante agora, mas suas palavras ainda ecoavam em sua mente, como um sussurro. "Antes que o abismo se lembre... do que você é."

"Você é mais do que pensa, Alara", acrescentou Kalel, com a voz firme, quase desafiadora. "Agora, vamos dar o primeiro passo. O treinamento começa agora."

Alara olhou para ele com ceticismo. "Treinamento? Eu mal entendo o que está acontecendo, e você quer que eu comece a treinar para... o quê?"

Ele fez uma pausa, parecendo ponderar as palavras. "Você vai ter que lutar, Alara. Contra o que está por vir. Contra tudo isso. Contra aqueles que querem te destruir. E para isso, você precisa aprender a controlar o que está dentro de você."

Ela fechou os olhos, sentindo a pressão aumentar novamente. A resistência dentro dela ainda estava viva, uma chama que se recusava a se apagar. "Eu não sou uma arma, Kalel. Eu não sou uma guerreira."

"Talvez não seja, mas você está prestes a se tornar uma." Ele falou com uma calma perturbadora, como se soubesse de algo que ela ainda não conseguia ver.

Aquelas palavras, ditas com tanta confiança, a incomodaram mais do que a confortaram. "Como pode ter tanta certeza? Você mal me conhece, Kalel."

Ele não respondeu de imediato. Apenas deu de ombros, como se a dúvida dela fosse esperada, algo que não precisava ser respondido ainda. "Eu sei mais do que você pensa. Mas você precisa se acalmar. O que aconteceu foi um choque. Vamos fazer algo simples. Eu te guio."

Alara não estava convencida. "Me guiar? Eu mal entendo o que está acontecendo, e você está falando em me guiar para onde?"

Ele pareceu ponderar as palavras antes de falar. "Para o que está por vir. Para o que você vai enfrentar. Porque, de uma forma ou de outra, você terá que estar pronto."

Ela sentiu o peso daquelas palavras. Era claro que ele sabia algo que ela não sabia, mas sua mente ainda estava nebulosa demais para entender. Alara sentiu a raiva crescendo dentro dela. "Eu não posso ser apenas uma... uma peça em um jogo que eu não entendo. Eu não quero ser a chave para algo que eu nem sei o que é."

Kalel a observou, e sua expressão não mudou. Ele parecia saber o que ela estava pensando, como se fosse parte de um ciclo que ela ainda não conseguia compreender. "Eu não disse que você tinha que ser uma chave. Mas algo dentro de você já está despertando. E você não pode mais voltar."

"Eu não... eu não quero isso", disse ela, com a voz embargada. "Eu só quero entender o que está acontecendo. Por que agora? Por que eu?"

A pergunta pairava no ar, não porque Alara esperasse uma resposta imediata, mas porque sabia que nunca receberia uma resposta completa. Ainda não.

Kalel então se afastou e abriu a porta do quarto. "Vamos sair. Você precisa ver o mundo ao seu redor, ver com seus próprios olhos o que está mudando. Mesmo que não entenda, precisa se acostumar. O que está por vir não pode ser ignorado. Você não está sozinho."

Alara hesitou por um instante. Sua mente estava confusa, mas algo dentro dela sentia que, de alguma forma, ela estava mais segura com Kalel ao seu lado. Ela se levantou, ainda com a cabeça girando, mas decidiu segui-lo.

Antes de sair, Kalel se virou para ela com um olhar...

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