Cherreads

Chapter 4 - CAPÍTULO 3

-Exatamente, por aqui vivem criaturas imortais, assim como uma terra só dedicada a eles, dez milhões de anos, nada mais que uma fração de segundo.

-E a cabeça deles não explodem? –Drystan chutou uma pedrinha no meio do caminho, e viu que ela foi muito mais longe do que queria.

-Antes de ascender a imortalidade você passa por um ritual, sua percepção sobre as coisas mudam, não dá pra explicar, mas é um ritual ancestral que faz você não perder sua empatia pelas coisas ou pelos prazeres simples da vida, e ter companhias imortais ao seu lado facilitam ainda mais as coisas.

-Interessante.

Drystan continuou caminhando junto de seu família, em silêncio, ele queria aproveitar ao máximo aquele silêncio aconchegante. Levou em torno de 40 minutos para eles chegarem ao portão da cidade, as roupas pretas e o sol que ficava cada vez mais forte fez o jovem apressar o passo.

A entrada era tão colossal quanto as muralhas, uma grande portão de ferro negro estava erguido para as pessoas passarem, era possível ver um grande selo mágico estampado nos portões, estava em um idioma que Drystan não conseguia entender, mas ele sentia uma grande energia vindo daquela marca.

Havia um fluxo insano de pessoas atravessando a passos lentos os portões, e uma fila que se estendia por uma estrada que levava a um caminho desconhecido.

-Nossa, são muitas pessoas. –As pessoas ouviram Drystan comentar isso para o nada, eles o olharam com curiosidade.

"Você não precisa falar verbalmente comigo." -Disse Fenrir em sua cabeça.

Drystan assentiu e deu um olhar mais curioso para a fila. De fato havia pessoas com animais ao lado delas, tinha até um cara em cima de um hipopótamo.

"É irônico –falou mentalmente Drystan-, estou em um lugar que representa a idade medieval na minha terra, mas segundo vocês, minha terra que é a nova.

"Vocês evoluíram aspectos mundanos, foram ótimos contra as adversidades que as limitações da vida impôs, não chegamos a tal ponto porque a magia já facilita a vida de todos."

O garoto viu elfas, anões, seres com mais de três metros de altura que eram tão grande quanto um ogro de RPG.

"Como vamos entrar na cidade? Desse jeito só verei o lugar daqui a uma semana" –Drystan fez uma careta ao pensar naquilo.

"Você tem sobrenome nobre, utilize"

"De um nobre desconhecido. "

"Apenas faça." –Disse Fenrir virando partículas azuis e desaparecendo."

"Espere, a onde você vai? Cadê você?"

"Sou seu família, não posso me distanciar sem que você queria, estou apenas na minha forma espectral, assumir a forma física drena sua energia, então não há motivos para que eu fique na forma material o tempo todo."

"Mas andar com um lobo é foda, eu ia querer você ao meu lado" –Disse Drystan emburrado.

"Você não tem poder suficiente para me manter ao seu lado o tempo todo Drystan."

"Tudo bem..."

Drystan entrou no meio da fila e seguiu aos empurrões até a frente do portão, ouviu xingamentos e pessoas o empurrando, mas continuou firme. Até parar em frente a um homem que estava com um pergaminho fazendo assinaturas, era um anão usando uma armadura de placas com uma rosa vermelha no peito. Tinha cabelos ruivos e pele acobreada, ele estava tão absorto no papel, que só notou a presença de Drystan quando o sol parou de bater nele.

-Que porra houve com o sol! –Ele olhou para cima. -Quem é você? -Esbravejou com uma careta.

Sua voz era grossa, como o pisar de vários cascos de javalis.

-Me chamo Drystan Dracovari, sou um nobre e quero entrar na sua cidade.

-Mas que diabos... Espere um minuto. –Ele tirou um cristal lilás do bolso e levantou para Drystan, o rapaz ficou encarando a pedra. –Está esperando o quê? Vai logo!

-O que você quer que eu faça? –Questionou.

-Como assim porra, você é ou não é nobre? Prove, coloca uma gota do seu sangue na pedra.

Sem entender o jovem fez o que foi dito.

-Tem algum alfinete?

-Tá de sacanagem? –O anão tirou de seu cinto um machado. Drystan esbugalhou os olhos. –Esse alfinete serve?

A lâmina da arma estava para cima.

-Deve... Deve servir, com licença. –Drystan passou leve-mente o dedo na lâmina, e sem se quer encostar sua pele foi cortado, o anão não perdeu tempo em levar a pedra até a primeira gota de sangue. O interior da pedra começou a ficar branca.

-Certo, irei anotar seu nome, já sabe onde vai ficar? –Falou o anão colocando o machado de volta no cinto. As pessoas atrás do jovem começaram a reclamar. –Calado seus comedores de estrume, filhos de uma cabrita com diarreia! Reclamem com os caras lá encima por nascerem medíocres! –Esbravejou, as pessoas se calaram na hora. Uma guarda de mais de 15 homens ao redor do portão usando uma armadura semelhante a do anão, só que maior pisaram no chão, o metal se chocando com a pedra só fez com que os poucos murmúrios sumisse, de uma vez. –Já sabe em que lugar vai se hospedar?

Drystan piscou. –O quê?

-Não é dos mais espertos, não é?

-E você não é dos mais educados, é assim que fala com nobres? –Questionou Drystan ficando irritado.

-Posso não ter nascido nobre, mas conquistei minha nobreza na batalha do portão, ou seja, sou tão nobre quanto você, ou seja, posso xingar nobres a mesma quantidade de vezes que xingo um plebeu, agora me diga se já sabe onde vai ficar, ou lhe expulso da minha cidade.

Drystan queri a da um soco naquele projeto de homem, mas se conteve.

-Eu não conheço muito de Velkaris, pra falar a verdade é minha primeira vez aqui.

-Mais um que veio de longe para ver a execução, não é?

-Execução? –Perguntou curioso.

-Sim, a execução pública do último cavaleiro da ordem dos Cavaleiros Negros que será feita daqui a dois dias. –O anão riu ruidosamente-. Não vejo a hora de começar, quero estar bem embaixo dele quando sua cabeça for cortada, quem sabe eu não abençoou meu machado com seu sangue? Enfim, hospedaria porra! Não tenho o dia todo. –O anão voltou a ficar carrancudo.

-Ainda não sei onde vou ficar.

-Recomendo a taverna Torre Dourada, é da prima da prima da minha irmã, fica próximo a uma das torres douradas em frente ao castelo real, tem um chafariz do tamanho de uma casa em frente a taverna não da para se perder.

-Aceitarei sua sugestão.

-Ótimo, amanhã você vai voltar aqui no portão e dar o nome do lugar que se hospedou, caso não o faça vamos caçar você e fazer você se arrepender de ter entrado aqui, agora vá, está interrompendo o fluxo de gente, e essa roupa sua aí está fazendo eu querer me matar, vamos, ande.

Drystan seguiu para dentro da cidade, que estava tão lotada de gente quanto um formigueiro, enquanto caminhava pelo lugar a esmo, seu foco priorizava as mulheres.

"Podemos começar com uma elfa, hehe."

"Conhecendo o senhor, deve estar pensando na primeira mulher com quem passará a noite, não é?" –Falou Fenrir na sua cabeça.

"Você não sabe o que eu penso?"

"Eu não leio sua mente, só escuto quando você quer falar comigo."

"Pois saiba que eu estava pensando sobre essa tal ordem dos Cavaleiros Negros". Mentiu.

"É a ordem da senhora Tiamat, era sua guarda real".

"Ela tinha uma ordem de cavaleiros real? Mas para ter uma ordem cavaleiros reais ela precisaria ter sido..."

"Uma rainha? Sim, você está certo. Evelyn Tiamat, a rainha dos dragões, ela já teve muitas alcunhas, A banhada de Sangue, Senhora do Destino, Deusa do Fogo e por aí vai. Ela não exagerou quando disse que era uma das mais poderosas mesmo entre os deuses.

"Agora tenho muitas perguntas."

"Não se preocupe muito com isso, elas serão reveladas em seus devidos momentos."

"Se você diz... Você pode me falar pelo menos desses cavaleiros negros?"

"Era uma guarda composta por 12 pessoas, entre elas, elfos anões humanos e o mais controverso de todos, demônios. Eles eram a guarda mais poderosa na época em que a senhora ainda não havia ascendido na uma divindade, na época em que a senhora vivia entre os mortais o continente estava passando por muitos conflitos territoriais, depois da Era do Fosso com a invasão do fosso, e a Era dos Heróis, que foi quando o mandamos de vez eles de volta para seu abismo, veio a Guerra da Conquista, Evelyn não era nenhuma heroína, ela foi uma das pessoas que mais manchou a terra de sangue para conquistar seu reino, ela fez muito inimigos que usaram de tudo para a atingir, quando ela recrutou demônios para sua guarda as pessoas falaram dela, mas ela já tinha influência e poder para que ninguém se opusesse."

"Essa guarda deve ter desviado do caminho depois que sua rainha se foi, já que eles foram caçados e executados".

"Tem algo errado, a guarda era leal aos ideais da senhora, e eles estavam sendo caçados? Por quê? Antes da rainha partir para a Terra dos Imortais o continente estava em paz, pelo menos foi o período mais tranquilo da história de Niavia, não havia motivos para tal situação, a menos que... "

"O quê?"

"Quando alguém ascende a divindade ela não pode mais sair da Terra dos Imortais, não pode descer para planos mais baixos, mas eles tem o pode de influenciar um pouco o continente de Viena, seja fazendo nascer uma criança abençoada com seu poder, ou favorecer na sorte de alguns e de outros, esses tipos de coisas, mas nunca devem se meter nos problemas dos planos baixos, quando a senhora foi presa seu captor tomou as providências para que fosse em segredo, a guarda dos cavaleiros negros não deveriam saber o que se passa no plano dos imortais..."

"A menos que seu próprio captor tenha dado um jeito de fazer as pessoas aqui embaixo saber... –Drystan pensou por um momento-. E julgando pela recepção que sua guarda está recebendo, com certeza seu captor distorceu a verdade. Afinal, qual é o nome dele?"

"Tudo no seu tempo Drystan, por enquanto vamos encontrar onde passar a noite, depois saber mais sobre essa execução, a menos que você queria passar a noite na sua casa sugiro sermos rápidos."

"Ta brincando? Prefiro dormir em cercas vivas."

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