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Chapter 3 - Capítulo 3

Capítulo 3: A Primeira Aldeia

O som ritmado das sandálias sobre a terra batida era abafado pelas árvores enquanto a Terceira Legião Taurus avançava com precisão implacável. Já se passavam três dias desde que partiram do acampamento, marchando ao longo do curso sinuoso de um rio que parecia cortar aquele território selvagem como uma serpente de prata.

O general Severus Secundo observava o horizonte do alto de uma elevação, os olhos fixos em uma pequena aldeia que finalmente surgira à margem do rio. Era uma visão modesta, quase primitiva.

— Comandante, devemos preparar o ataque? — perguntou Primus, um dos tribunos mais jovens, seu tom ansioso, mas disciplinado.

Severus permaneceu em silêncio por alguns segundos, analisando o local. A aldeia era composta por cerca de cinquenta casas feitas de madeira e palha. Uma muralha rudimentar de estacas de madeira protegia o perímetro. Fora das muralhas, campos de trigo balançavam com o vento, irrigados por canais escavados que conduziam água diretamente do rio.

Ele negou com um leve movimento de mão.

— Por que eu atacaria essa aldeia pobre? — disse em voz baixa. — Quero informação, não sangue.

Uma vila assim pode ter um ancião, um chefe... alguém que conheça a região. Se eu destruir isso, destruo conhecimento.

Ergueu-se da pedra onde estava sentado e virou-se para os oficiais ao seu redor.

— Tragam meu cavalo. E uma bandeira branca. — ordenou.

O centurião Marco Vero franziu o cenho.

— É arriscado, general. Há vários mais indicados para esta tarefa.

Severus segurou um leve sorriso e respondeu apenas em pensamento:

Seria o mais sensato... mas vocês falam apenas latim. Não podemos confiar que alguém desta terra compreenderá nossas palavras. Eu sou o único aqui que talvez possa improvisar algo.

Recebeu o garanhão negro das mãos de um legionário e montou com familiaridade. O cavalo relinchou suavemente, sentindo o peso e a firmeza de seu senhor.

— Se eu não voltar até o anoitecer... destruam a aldeia. Matem todos. — declarou sem emoção, como um general instruído pelas duras lições da história romana.

O silêncio caiu sobre os oficiais. Severus olhou para Primus, Marco e os demais.

— Até lá, levantem o acampamento naquele descampado a duzentos passos da aldeia. E não deixem os animais pisotear os campos de cultivo. Não quero perder uma futura fonte de suprimentos.

— Sim, senhor! — responderam em uníssono, batendo o punho sobre o peito.

Severus então impulsionou o cavalo e partiu sozinho, deixando a legião se organizar. O som dos cascos contra a terra e o sussurrar das folhas acompanharam sua curta cavalgada até o portão da aldeia.

Era rústico, feito de madeira tosca, reforçado com cordas e vigas cruzadas. O silêncio ali era quase sufocante. Nenhuma alma à vista. Mas ele sabia que era observado.

Havia latidos de cães ao longe, o choro abafado de um bebê, e um farfalhar constante atrás das muralhas. Olhos espreitavam através das frestas entre as estacas de madeira.

Severus ergueu lentamente a bandeira branca com a mão esquerda, mantendo a outra firme nas rédeas.

Esperou.

O som de correntes sendo retiradas, ferrolhos erguidos e vozes abafadas que murmuravam em uma língua estranha ressoaram por trás da barreira.

Então, o portão rangeu ao se abrir, lentamente, apenas o suficiente para que um homem e um cavalo passassem.

Sem hesitar, Severus entrou.

Agora veremos em que tipo de mundo a águia de Roma pousou suas garras.

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