Escondido do mundo, no bolso secreto de galhos negros retorcidos, havia um gigantesco e elaborado ninho de pássaro, que repousava entre folhas escarlates.
Então, eu parei. Minhas feições mudaram calmamente, marcadas pela admiração.
... É o que eu teria descrito, se o Feitiço não houvesse interrompido o momento da narração com seu anúncio repetido agradavelmente surpreendente.
Contudo, antes de responder, movi meu olhar ao redor...
O ninho — de uma ave tão grande quanto uma morada — estava abandonado há tempo o suficiente para que algumas de suas partes já parecessem à beira do colapso. O ar estava impregnado por uma sensação de desolação milenar e de vazia solidão.
E alguém aqui precisava se posicionar em um lugar menos precário — isto é, se eu não quisesse cair desta base flexível na qual estou, por pouco, me equilibrando.
Encontrando uma direção consideravelmente segura, me aproximei.
Então, saltei, lançando-me para cima, e agarrei as bordas da entrada.
Elevei meu corpo e me assentei sobre os galhos negros lustrosos — firmemente justapostos, e grossos como braços humanos.
A parte inferior do ninho era coberta por uma espessa camada de teias de aranha brancas e sedosas. O tempo as tornara frágeis e arenosas.
Havia tanta teia de aranha que eu me admirei, mesmo já sabendo o que encontraria.
E, também...
houve uma certa simetria poética que tocou meu coração:
(...)
Sunny pensou ter caído em um casulo branco gigante.
(...)
Atravessando a alma de Sunny, as garras cravaram-se ainda mais fundo, atingindo as profundezas de seu ser — aquelas que ele nem sabia que existiam.
E lá, elas se agarravam a outra coisa.
Em inúmeras cordas que o envolviam firmemente — envolvendo-o como um casulo, ou como as cordas que seguram uma marionete.
(...)
Olhei para o centro do ninho, onde jazia um ovo — gigante e antigo, acinzentado como pedra.
Suspirei...
"Ahh, meu amigo sombrio!
Acho que esse seu pensamento...
não foi bem uma simples e fugaz impressão..."
Na verdade, ele mesmo reconheceria isso no futuro — enquanto se enganava para acreditar que o desejo da Canção dos Caídos era vê-lo livre das cordas do Destino, quando, na verdade, era justamente evitar isso.
Agitar a intrincada tapeçaria, a fim de que o Perdido da Luz pudesse escolher permanecer com os seus amigos. Para que, ao assim fazê-lo, ele então quebrasse o Destino que ela havia previsto.
O destino do esquecimento.
"Mas a história original não foi bem assim. Sunless fez sua escolha apenas para não receber verdadeira liberdade, e Cássia teve de se contentar com seus outros planos, menos ideais."
Após essa introspecção, permaneci imóvel por alguns minutos.
Logo depois, finalmente alcancei um dos cinco cristais dourados iridescentes que orbitavam meu núcleo onírico da alma.
Aquele que parecia sussurrar para ser revelado à realidade.
Aquele que parecia suplicar para se unir a mim.
Para estarmos juntos, como nos tempos esquecidos.
Lado a lado... como em sonhos belíssimos.
[Manifestar o Espírito da Espada?]
"Sim, por favor."
[...]
"Senhor Feitiço?"
[Sua Memória foi destruída.]
"!!!"
[Sua Memória foi restaurada.]
"???"
[O Espírito em sua Memória desperta...]
Algo no tom da voz terna — e geralmente invariável — soou como uma nota de sincera admiração.
Então...
Um fluxo repentino e surpreendente de essência onírica surgiu de meu peito.
As partículas de luz se uniram em linhas finas, douradas e iridescentes, que se teceram e se organizaram na forma luminosa de uma espada.
Levantei minhas duas mãos para recebê-la, e a espada recaiu sobre elas, vindo plenamente a este mundo no exato momento em que nos tocamos.
Ela era... lindíssima.
Uma espada longa, de 133 cm totais:
Feita de um material semelhante ao marfim, mas de textura distinta — lembrando tanto um metal quanto algum tipo de cristal;
Lâmina reta de 105 cm × 4 cm, com espessura que se reduzia gradativamente: cerca de 3 mm na base, 2 mm ao centro e 1 mm na ponta;
Guarda em cruz, 21 cm × 2,25 cm, modestamente elaborada, com faces chanfradas e extremidades suavemente abauladas;
Punho de 12 cm × 2,5 cm, envolto por uma tira de couro macio, em tom branco-acinzentado;
Pomo de base alongada — 12 cm × 2,25 cm — servindo como uma extensão da empunhadura, que ao final se expandia suavemente, curvando-se até culminar em um topo estreito e abaulado;
Na parte do topo — 4 cm × 4 cm × 2,5 cm — a superfície frontal do pomo, aplanada, exibia relevos triangulares invertidos, com uma argola de mesmo formato ao centro;
Exceto pela couro que envolvia metade da empunhadura, a espada sublime era toda de um tom esbranquiçado, sutilmente dourado.
Esculpida em uma única peça equilibrada, a partir de um material inexplicável, ela era como uma joia discretamente ardente.
Senti seu peso, seu calor morno. E me senti... reconfortado.
"Terminus Est?"
{...}
"Seja bem-vinda ao mundo."
Eu Invoquei suas runas.
===
[Terminus Est].
Ranque da Espada: Dormente.
Classe da Espada: II.
Descrição da Espada: [Você pode não se lembrar destas palavras:
"Apesar da morte, há valor em viver — e, pelo amor, até mesmo a eternidade se torna algo suportável."
Mas eu me lembro.
Elas uma vez foram talhadas em meu corpo...
De um galho branco eu fui esculpida, por um menino sonhador que apenas desejava uma parceira para brincar de desbravar todos os males, de viver uma aventura, de ser valente, de portar a esperança...
Forjada do anseio livre de pretensões.
Nascida de um coração ainda jovem demais para conhecer a desilusão e entender o sentido da dúvida... para estar limitado por alguma lógica ou vil razão.
É por isso que eu juro ao meu portador:
"Que esta lâmina minha seja o fim dos malditos que ousem se opor a você."]
Atributos da Espada: [Geração da Fantasia], [Lâmina de Ariandel], [Juramento da Espada].
Habilidades da Espada: [Lâmina Sublime], [Fardo das Lembranças].
===
Meus olhos ardiam como resultado.
"Senhorita, você me deixa sem jeito..."
Fiz graça — só não sei se foi por estar comovido ou timidamente encantado.
"Não apenas já estou flertando com a minha amiga recatada, como também não me divirto muito com essas "comédias românticas". E nem me agrado da 'tag' de harem em fanfictions. Então, por favor, não me corteje."
Felizmente, hoje eu já havia chorado tudo o que tinha para chorar.
{Um homem pode muito bem ser amado por várias mulheres.}
ELA FALA!
"Eu sabia... não! Espera aí! Eu sou um jovem sério e comprometido!!"
{A mãe—}
"O-o que há com essa linha!?"
{A irmã, a esposa, a filha—}
"Ahh, certo... assim..."
{E, claro, a espada. Ela também tem o direito de amá-lo. De se apaixonar, até. Nem toda afeição precisa ser carnal, afinal.}
Suspirei aliviado.
O tabu naquelas palavras me deixou genuinamente desconfortável por um fugaz instante.
Aquela minha Refração arrogante deixou uma impressão duradoura. Graças a ela, ainda tenho esse receio de que outro ser estranho — e capaz de expressar suas próprias ideias — surja do [Feiticeiro Bizarro] para causar problemas.
{Não é você o estranho aqui? Estando aí, no seu Mar da Alma, narrando a si mesmo?}
"Hum?"
Quem nunca quis ser um daqueles narradores-personagem, como os dos seus livros favoritos?
E por que você pode ouvir essa voz?
{Conheço todos os seus pensamentos.}
"Ehh?"
{Não se incomode com isso. Sou uma espada, afinal.}
Meu olhar sobre a Terminus Est mudou estranhamente.
Eu não entendia bem o sentimento de ter um espírito conhecendo cada um dos meus pensamentos — até os mais íntimos. Então, eu também fiquei meio sem saber o que fazer a respeito.
{Que tal concluirmos o que "vocês dois" vieram fazer aqui em cima?}
"Hum, sim. Boa ideia."
Com isso dito, firmei o aperto no punho da espada e a movi para fora do meu colo.
Descendo de onde eu estava sentado, adentrei o ninho esquecido e pisei sobre sua superfície macia. Ergui o olhar e caminhei em direção a "estrutura" mais ao centro.
O objeto pétreo estava inclinado e sutilmente afundado na teia arenosa. Media cerca de 1,70 m de altura, com um diâmetro de 1,28 m. Sua superfície exibia uma coloração semelhante à de nuvens em tons de cinza.
Parecia-se com uma grande e lisa rocha ovóide.
Era um tanto hipnótico, e misteriosamente belo.
{Um ovo de corvo, basicamente. E o que importa é: você está certo disso?}
Senti um sorriso brincar em meus lábios — leve e destemido.
"A 'certeza' é uma palavra muito forte."
Tomei a distância apropriada, espacei os pés devidamente, abaixei meu centro de gravidade e, então, posicionei a espada próxima ao ombro, com a ponta direcionada ao meu oponente.
"Se sou filho da Guerra, se é meu fardo suportar sua disciplina rigorosa, então também é meu o direito de lutar pela vida — de conquistar dos outros, para tornar meu tudo aquilo que minha força puder manter."
Minha voz estava carregada de uma convicção velada, e soava como o sussurro de um dragão.
{Se houver desejo, e existir vontade — tudo é possível, afinal.}
Um zelo ardente acendeu minha alma lírica, e uma radiação branco-áurea irrompeu de seu âmago.
Ela flamejou suavemente sob minha pele, espalhando-se até o Espírito da Espada e preenchendo-nos com seu poder Monstruoso.
Me movi — meu corpo, tenso, disparou à frente como uma flecha liberada por um arco poderoso.
A força subiu pelas solas dos pés e percorreu do quadril até os ombros com elegância, alcançando a espada em minhas mãos.
A ponta da lâmina entre mim e a prole vil reluzia como se banhada em miragens ardentes — seu refulgor impunha-se às sombras e à luz ofuscante do sol.
O gume da Terminus Est emanava uma intenção afiada e, naquele instante, parecia cortar o próprio tecido da realidade.
E, certamente, cortaria o Destino.