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Chapter 43 - O Sal das Antigas Promessas.

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Capítulo – O Sal das Antigas Promessas

Palácio do Norte – Salão da Luz

Entre pergaminhos ancestrais e ervas raras, Cora movia-se com precisão ritualística. Sua voz entoava versos em grego antigo, misturando línguas esquecidas do Clã de Cristal. O caldeirão central borbulhava com uma poção de coloração azul-prateada.

— O que é isso, Alteza? — perguntou uma curandeira jovem.

— Um soro de reconexão arcana. Vai resgatar o equilíbrio entre o espírito e o corpo das crianças. Mas exige... um sacrifício.

Ela olhou para uma urna cerimonial. Retirou dela um frasco com cinzas de Moira.

— Que o sangue de minha linhagem cure o que as sombras tentaram destruir.

Quando o soro foi aplicado, Titos abriu os olhos pela primeira vez em dias. Suas íris brilhavam por um instante, como reflexo de luz líquida. Um sorriso fraco se formou.

— Mamãe... voltou?

Cora chorou em silêncio, segurando-o com delicadeza.

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Floresta Antiga de Vargren – Ruínas da Torre

O grupo avançava pelas ruínas cobertas por raízes, musgo e símbolos Darxas apagados.

— Aqui era um templo... antes da primeira Guerra do Véu — sussurrou Orren, deslizando os dedos por um símbolo em espiral.

— E agora? — perguntou Aelys.

— Agora é só o eco do que foi. Mas o eco às vezes guarda segredos.

Abaixo da torre, encontraram um antigo relicário de pedra com um frasco coberto de poeira. Dentro, um líquido verde pulsava como um coração lento.

— Essa substância... está viva — disse Kátyra.

Tharion a puxou para trás.

— E faminta.

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Vilarejo de Baixa-Selva – Estalagem dos Sete Cântaros

Após dias de estradas lamacentas, trovões e visões sombrias, o grupo finalmente descansava.

Orren exagerava nas bebidas, encantando seu copo para se encher sozinho. Aelys, já meio bêbada, apostava moedas com um velho cego em um jogo que claramente não entendia.

— Por que sempre caímos em tavernas com nomes idiotas? — murmurou Tharion.

— Porque você tem cara de quem precisa relaxar — disse Aelys, jogando uma maçã em sua direção.

Kátyra, de cabelos soltos, entrou em cena com um vestido simples que causou um silêncio repentino. Orren parou de falar. Aelys arregalou os olhos. Tharion... desviou o olhar, tenso.

— Os dois vão para o andar de cima, certo? — disse Aelys, fingindo olhar as próprias unhas.

— É… vocês merecem um descanso mais… íntimo — completou Orren, empurrando-os de leve. — Só não façam barulho demais.

Kátyra corou, mas riu.

— Vocês dois são insuportáveis.

Tharion a acompanhou até o quarto, subindo os degraus de madeira rangente. Dentro, o ambiente era simples: uma cama de casal, uma janela aberta, e silêncio.

— Podemos... apenas conversar — sugeriu Kátyra, sentando-se. — Eu pensei que, com tudo isso... talvez a gente…

Tharion se aproximou, mas parou. Seus olhos estavam cheios de conflito.

— Eu quero. Por todos os deuses, eu quero. Mas teu pai me deu uma ordem. E pela primeira vez na vida... eu entendi o peso que essa ordem carrega.

Ela ficou em silêncio, de cabeça baixa.

— Isso não é rejeição, Kátyra. Isso é... respeito. Por você. Por nós.

Ela assentiu, baixinho.

— E se eu dissesse que amanhã posso não estar mais viva?

— Eu ainda te respeitaria hoje.

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