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Chapter 4 - Capítulo 4: Os Primeiros Alicerces

O sistema solar recém-nascido dançava em perfeita harmonia, um balé gravitacional orquestrado pela vontade de Naruto. O sol central pulsava com energia, aquecendo seus planetas, e o pequeno mundo azul que ele criara primeiro, agora uma das muitas esferas em órbita, cintilava com a vida que fervilhava em sua superfície.

Naruto pairava em meio às estrelas, observando sua obra. Não era mais uma questão de choque ou surpresa, mas de uma profunda satisfação. Cada átomo, cada feixe de luz que emanava de suas criações era um reflexo de sua imaginação. Ele podia sentir a dança molecular em cada planeta, o fluxo dos oceanos, a brisa que balançava as árvores em seu mundo natal.

Ele havia criado um ecossistema, mas estava vazio de seres que pudessem apreciar a complexidade e a beleza que ele havia manifestado. A solidão, que a voz do Grande Vazio havia mencionado, começava a se fazer presente. Criar era glorioso, mas criar para si mesmo era como pintar uma obra-prima e escondê-la da luz.

"Vida inteligente," ele ponderou, sua voz se expandindo pelo vazio. A ideia não era apenas de formas de vida, mas de seres que pudessem pensar, sentir, evoluir e, talvez, até mesmo, criar por si mesmos, em uma escala menor. Ele não queria marionetes, mas seres com livre arbítrio, que pudessem interagir com o mundo que ele lhes dera.

Ele olhou para seu planeta azul, visualizando. Não mais apenas florestas e montanhas, mas cidades incipientes, seres que se erguiam em duas pernas, com mãos capazes de manipular e mentes capazes de inovar. Ele imaginou culturas, línguas, a complexidade das relações. Era uma imagem ambiciosa, beirando a onisciência.

Enquanto sua mente se concentrava, o planeta em sua palma brilhou intensamente. O brilho se intensificou, quase doloroso, e um zumbido primordial ecoou pelo sistema solar. A energia que Naruto estava infundindo era imensa, moldando não apenas a matéria, mas os conceitos. Ele não estava apenas criando corpos, mas almas, consciências.

Quando o brilho diminuiu, o planeta parecia o mesmo exteriormente, mas Naruto podia sentir a diferença. Havia um burburinho, um murmúrio de vozes interiores, de pensamentos e emoções em formação. Ele havia criado os fundamentos de uma civilização.

Ele os chamou de "Eolianos", os "Nascidos do Vento", porque sua existência havia se manifestado de uma brisa de sua vontade. Ele os sentia, compreendia seus primeiros passos vacilantes na linguagem, suas primeiras descobertas de ferramentas simples. Eles eram jovens, inocentes, e ele sentiu um pingo de afeição por essas novas criações.

Mas a escala de seu poder o instigava a mais. O que mais ele poderia fazer? Ele pensou nos limites do espaço, nos confins do universo que ele agora habitava. Havia outros seres como ele? Outros criadores, ou outros vazios esperando para serem preenchidos?

Ele decidiu testar a destruição de uma forma mais direta, mas ainda construtiva. Ele observou um pequeno asteroide que vagava pela borda de seu recém-criado sistema solar, uma rocha irregular e sem vida. Ele não queria que ela simplesmente desaparecesse, mas que seu material fosse reutilizado, transformado em algo novo e útil.

"Transformar," ele pensou. "Destruir a forma atual para criar uma nova forma."

Ele imaginou o asteroide sendo quebrado em seus componentes elementares, suas moléculas se desintegrando e reorganizando em um novo padrão, um anel de cristais flutuantes, cada um pulsando com uma luz suave, orbitando seu planeta principal como uma joia cósmica.

Um flash de energia azul e dourada emanou de Naruto. O asteroide se desfez em uma névoa brilhante e, então, reformou-se em milhares de cristais etéreos, que começaram a girar em torno do planeta, um espetáculo de luz e beleza. Era a destruição como arte, a transmutação como criação.

A sensação de controle era inebriante. Ele havia sido o "nada" por tanto tempo, e agora era o "tudo". A frustração de Konoha, o desprezo dos irmãos, as palavras de seus pais... tudo parecia distante, pequeno em comparação com a vastidão que ele agora dominava. Ele não precisava da aceitação deles. Ele era a aceitação.

No entanto, uma pontada de responsabilidade o atingiu. Com grande poder vinha... o quê? Apenas criar e destruir? O Grande Vazio havia falado de propósito. Ele não podia simplesmente ser um brinquedo para si mesmo. Seus Eolianos, os seres que ele havia criado, exigiam mais do que apenas existência. Eles precisariam de um propósito, de um caminho.

Ele começou a entender que ser um Deus não era apenas sobre onipotência, mas sobre sabedoria. As escolhas que ele fizesse agora ecoariam por eras. Ele poderia criar um paraíso, ou um purgatório. A linha entre esses dois era fina, e dependia apenas de sua intenção.

Naruto fechou os olhos, respirando a essência do cosmos que agora era seu domínio. Ele não era mais um garoto. Sua mente e sua alma estavam se expandindo para acomodar a infinidade de seu novo poder. Os símbolos dourados em sua túnica pareciam queimar suavemente, e o brilho em seus olhos era o reflexo de um universo que ele estava apenas começando a moldar.

O próximo passo não seria apenas criar mais mundos, mas entender o seu papel dentro deles. Ele havia sido o vazio que ninguém via. Agora, ele era o Vazio Criador, e estava pronto para deixar sua marca.

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