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Chapter 5 - Capítulo 5: O Eco do Vazio

O rugido ensurdecedor do portal ainda ecoava nos ouvidos de Kushina, um som que rasgava sua alma em pedaços. A visão de Naruto, seu filho mais novo, sendo arrastado para aquela luz antinatural, estava gravada a ferro e fogo em sua mente. Ela havia tentado. Ah, como havia tentado! Seu chakra pulsara com a fúria da Kyuubi, mas fora inútil. A barreira invisível ao redor do portal era intransponível, uma parede de uma energia que nem mesmo o chakra mais denso conseguia perfurar.

Minato estava de joelhos, a mão estendida para o ponto onde o portal estivera, agora apenas um silêncio assustador no meio da floresta. Seu semblante, geralmente calmo e determinado, estava pálido, chocado. O Hiraishin, a técnica que o tornava o ninja mais rápido do mundo, havia falhado. Ele não conseguira salvar seu próprio filho. O peso da responsabilidade como Hokage, e mais dolorosamente, como pai, o esmagava.

Narumi e Menma, que correram desesperados, foram os primeiros a alcançar os pais. Narumi estava chorando, as lágrimas escorrendo por suas bochechas. "Naru... Naru se foi?" Sua voz era um sussurro, mal audível. Menma, por sua vez, estava em choque, o rosto lívido, sem as usuais explosões de temperamento. A arrogância que sempre o acompanhava havia evaporado, substituída por um vazio gélido.

"Eu... eu tentei..." Minato finalmente murmurou, a voz rouca. "Não havia nada que eu pudesse fazer."

Kushina se arrastou até o local onde Naruto havia desaparecido, suas mãos arranhando a terra. "Não! Ele não pode ter sumido! Naruto! NARUTO!" Seus gritos ecoaram pela floresta, um lamento primal que faria até os animais mais selvagens se encolherem. O chakra da Kyuubi em seu interior se agitava, refletindo sua dor e desespero, ameaçando extravasar.

Os ANBU chegaram minutos depois, alertados pela súbita e massiva perturbação de energia. Eles encontraram o Quarto Hokage de joelhos, sua esposa aos prantos, e seus dois filhos, outrora tão vibrantes, petrificados em choque e culpa.

A notícia da "desaparição" de Naruto se espalhou por Konoha como um incêndio. A versão oficial era de um acidente durante um treinamento secreto, um experimento que deu errado. Minato, como Hokage, não podia revelar a verdade sobre um portal interdimensional. Isso causaria pânico e incerteza. Mas a verdade pesava em sua alma.

Os dias se transformaram em semanas, as semanas em meses. A alegria vibrante que antes preenchia a casa Uzumaki-Namikaze se esvaziou, substituída por uma sombra persistente.

Kushina definhava. Ela passava horas no quarto de Naruto, cheirando suas roupas, tocando seus poucos brinquedos. A cada refeição, havia um lugar vazio à mesa, um lembrete constante daquele que não tinha chakra, mas que era, acima de tudo, seu filho. As memórias de suas próprias palavras, das vezes que o repreendeu por não "se esforçar mais", ou por "não entender a importância do chakra", voltavam para assombrá-la.

Minato, embora mantendo a fachada forte do Hokage, carregava o fardo da culpa em silêncio. Ele havia prometido a Naruto encontrar um caminho, e falhara espetacularmente. Ele se lembrava das tentativas frustradas do filho de sequer sentir chakra, da frustração nos olhos de Naruto, daquela melancolia que ele, em sua ocupação e foco nos outros dois prodígios, não havia dado a devida atenção. Ele estava tão focado em seu papel de Hokage e em nutrir o chakra de seus filhos mais velhos que havia negligenciado a dor do caçula.

Mas o impacto mais profundo talvez fosse sentido por Narumi e Menma.

Menma, o mais impulsivo e abertamente crítico de Naruto, agora carregava um peso insuportável. As zombarias, as exclusões, as comparações. "Isso aqui não aparece do nada," ele havia dito, com tanta arrogância. Agora, Naruto havia desaparecido no nada. O remorso o corroía. Ele se isolou, treinando freneticamente, como se pudesse usar a exaustão física para abafar a culpa. O chakra, que antes era uma fonte de orgulho, agora parecia um lembrete constante do que ele tinha e Naruto não. Ele se lembrava dos olhos magoados de Naruto, e se odiava por ter contribuído para aquela dor.

Narumi, a mais compreensiva, mas ainda assim condescendente, se sentia igualmente culpada. Ela havia tentado ser gentil, mas sempre com uma sombra de superioridade. "É só questão de prática, Naru." Ela havia oferecido consolo vazio, sem nunca realmente entender a profundidade da luta de seu irmão. Ela se lembrava do olhar de Naruto quando ele a via fazendo um Rasengan perfeito, a admiração misturada com a tristeza em seus olhos. A dor em seu coração era a de uma irmã que não havia protegido, não havia compreendido verdadeiramente. Ela se dedicou a ajudar os civis da vila, como uma forma de penitência, buscando preencher o vazio que Naruto havia deixado em sua família e em seu próprio senso de valor.

A família Uzumaki-Namikaze, antes um símbolo de força e felicidade em Konoha, agora era um monumento silencioso à ausência. A casa era mais quieta, as risadas raras e forçadas. Cada dia era um lembrete de que um pedaço deles havia sido arrancado, levado por um portal misterioso para um destino desconhecido.

Eles não sabiam, é claro, que aquele que eles consideravam "o vazio" havia encontrado o Vazio cósmico, e que, nele, ele não era mais o garoto sem chakra, mas sim o seu mestre. Eles não sabiam que, enquanto eles lamentavam, Naruto estava moldando estrelas e criando mundos, tornando-se o Deus que eles nunca poderiam imaginar.

A história de Konoha continuava, mas a história da família de Naruto havia mudado para sempre, marcada pela lacuna de um filho que eles só aprenderiam a valorizar na sua dolorosa ausência.

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